Há dias que a gente reluta pra sair da trevosidade, mas nada adianta. Aquele dia que não dá vontade de sair pra canto algum, de ir trabalhar, aquele dia que dá vontade de vegetar em cima da cama, sem nem tv ligada. Só vc e seus pensamentos. Tentando entender essa vida maluca que a gente leva. As vezes, as coisas parecem que vão se encaixar, dar certo, e, quando vc menos espera, vem um ventaval e desmancha tudo, desmancha pra não deixar pedra sobre pedra. Há dias que NADA é capaz de te confortar, nem mesmo a idéia de que um dia o chão pode se abrir num imenso buraco e vc pode ser tragada por ele. Enfim, vou parar de divagar e desabafar coisas que pra mtos aqui será totalmente sem nexo. Pra finalizar, uma pequena poesia do Baudelaire, tio que minha veia trevosa insiste em nunca deixar de amar...
O GOSTO DO NADA
Espírito sombrio, outrora afeito à luta,
A Esperança, que um dia te instigou o ardor,
Não te cavalga mais! Deita-te sem pudor,
Cavalo que tropeça e cujo pé reluta.
Conforma-te, minha alma, ao sono que te enluta.
Espírito alquebrado! Ao velho salteador
Já não seduz o amor, nem tampouco a disputa;
Não mais o som da flauta ou do clarim se escuta!
Prazer, dá trégua a um coração desfeito em dor!
Perdeu a doce primavera o seu odor!
O Tempo dia a dia os ossos me desfruta,
Como a neve que um corpo enrija de torpor;
Contemplo do alto a terra esférica e sem cor,
E nem procuro mais o abrigo de uma gruta.
Vais levar-me, avalanche, em tua queda abrupta?
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